Passo a passo de como abrir seu CNPJ para médicos (sem cometer erros que custam caro)
- agenciaaligator
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A decisão está tomada: você vai ter seu próprio CNPJ. Seja para abrir consultório, aceitar proposta para trabalhar como PJ, atender pacientes particulares ou simplesmente organizar melhor sua vida profissional e tributária.
Você sabe que precisa formalizar. A questão é: por onde começar? E mais importante: como fazer certo desde o primeiro passo para não descobrir — meses ou anos depois — que escolhas erradas no início estão custando milhares de reais por mês?
Abrir CNPJ não é apenas preencher formulários e pagar taxas. É tomar decisões estratégicas que vão impactar sua carga tributária, proteção patrimonial, relacionamento com órgãos reguladores e até sua tranquilidade para exercer medicina pelos próximos anos.
Este guia vai além do "faça isso, depois aquilo". Vamos mostrar cada etapa do processo, mas principalmente os riscos ocultos de cada decisão e as consequências reais de fazer errado. Porque o que você não sabe pode — literalmente — custar R$ 80 mil por ano ou deixar você vulnerável a processos éticos e judiciais devastadores.
Antes de começar: a decisão mais importante que você vai tomar
Existe uma escolha que precede todas as outras e que 80% dos médicos fazem errado: com quem você vai trabalhar nesse processo.
Você pode tentar fazer sozinho (arriscado e provavelmente mais caro no longo prazo), contratar o primeiro contador que encontrar no Google (perigoso), ou trabalhar com quem entende profundamente de medicina.
A diferença não é só de preço. É de resultado.
Contador genérico vai abrir seu CNPJ. Mas provavelmente vai:
Te colocar no regime tributário padrão sem simular alternativas
Esquecer obrigações específicas como registro no CRM
Usar estrutura jurídica inadequada que expõe seu patrimônio
Escolher CNAE genérico que pode te custar caro depois
Não orientar sobre planejamento de retiradas (pró-labore vs lucros)
Risco: Você opera meses ou anos em situação subótima, pagando impostos demais, irregular perante o Conselho, ou vulnerável juridicamente. Quando descobre, corrigir é caro e estressante.
Consequência financeira: Entre R$ 20 mil e R$ 80 mil por ano desperdiçados apenas em impostos desnecessários. Fora multas e riscos legais.
A contabilidade para médicos especializada faz diferente: cada etapa é pensada estrategicamente para sua realidade específica como médico.
Etapa 1: Defina seu regime tributário (antes mesmo de abrir o CNPJ)
Parece contraintuitivo, mas você precisa decidir o regime tributário antes de protocolar documentos. Porque algumas escolhas estruturais dependem disso.
As três opções disponíveis
Simples Nacional
Tributação unificada e progressiva. Quanto mais você fatura, maior a alíquota.
Para médicos, existem dois anexos possíveis:
Anexo III (alíquota inicial 6%): se sua folha de pagamento for ≥ 28% da receita
Anexo V (alíquota inicial 15,5%): se folha for < 28%
Limite de faturamento: R$ 4,8 milhões/ano.
Lucro Presumido
Presume que 32% do faturamento é lucro e tributa sobre isso. Alíquota efetiva fica em torno de 13,33% considerando todos os tributos federais.
Não tem limite de faturamento (até R$ 78 milhões/ano).
Lucro Real
Tributa apenas o lucro efetivo (receitas menos despesas dedutíveis). Mais complexo, geralmente usado só por clínicas grandes com muitos custos.
Como decidir
Você PRECISA simular os três cenários com números reais:
Faturamento mensal esperado
Custos operacionais (aluguel, equipamentos, insumos)
Se terá funcionários
Margem de lucro estimada
Exemplo prático de decisão:
Cardiologista planeja faturar R$ 35 mil/mês, custos de R$ 8 mil/mês, sem funcionários no início.
Simples (Anexo V, sem planejamento):
Alíquota 17%
Impostos: R$ 5.950/mês = R$ 71.400/ano
Simples (Anexo III, com planejamento de pró-labore):
Alíquota 9%
Impostos: R$ 3.150/mês = R$ 37.800/ano
Lucro Presumido:
Alíquota 13,33%
Impostos: R$ 4.665/mês = R$ 55.980/ano
Neste caso, Simples Anexo III com planejamento correto é melhor opção.
Riscos de escolher errado
Risco 1: Ficar no Simples Anexo V por não planejar folha de pagamento adequadamente.
Consequência: Pagar quase o dobro de impostos (R$ 33.600/ano desperdiçados no exemplo acima).
Risco 2: Escolher Simples quando Lucro Presumido seria melhor (ou vice-versa).
Consequência: Dependendo do faturamento e estrutura, diferença pode chegar a R$ 50 mil por ano.
Risco 3: Não revisar anualmente e ficar "preso" em regime inadequado.
Consequência: Mudança de regime só pode ser feita em janeiro. Se você perceber em março que está no regime errado, precisa esperar quase 1 ano para mudar.
Como fazer certo
Antes de abrir CNPJ, solicite simulação tributária comparativa detalhada. Um escritório contábil especialista em médicos faz isso mostrando exatamente quanto você pagaria em cada regime.
Essa análise deve considerar não só o primeiro ano, mas projeção de crescimento. Porque o regime ideal para faturamento de R$ 20 mil/mês pode não ser o mesmo para R$ 50 mil/mês.
Etapa 2: Escolha a estrutura jurídica que protege seu patrimônio
Agora você define o "tipo" de empresa: Empresário Individual, Sociedade Limitada Unipessoal, Sociedade Simples, etc.
Essa escolha determina se seus bens pessoais estão blindados ou totalmente expostos em caso de processo judicial.
A estrutura mais segura para médicos
Sociedade Limitada Unipessoal (SLU)
Você é o único sócio
Patrimônio pessoal completamente separado do empresarial
Processos contra a empresa não atingem casa, carro, investimentos pessoais
Não precisa de sócio fictício
Se você tem parceiro (outro médico, cônjuge), a estrutura adequada é Sociedade Limitada tradicional, mantendo a mesma proteção.
A estrutura perigosa que muitos escolhem
Empresário Individual (EI)
Não há separação legal entre você e a empresa
Seu CPF = CNPJ para fins práticos
Processos atingem TODO seu patrimônio pessoal
Alguns contadores ainda abrem EI "porque é mais simples". Mas para médicos, é armadilha perigosa.
Por que isso importa especialmente para médicos
Médicos respondem civil e criminalmente por seus atos profissionais. Mesmo com todo cuidado, complicações acontecem. Paciente pode processar por:
Erro médico real ou alegado
Complicações não previstas
Insatisfação com resultado de procedimento estético
Infecções hospitalares
Problemas com anestesia
Questões de consentimento informado
Valores de indenização podem facilmente ultrapassar R$ 500 mil. Em casos graves, mais de R$ 1 milhão.
Risco de estrutura inadequada
Risco: Operar como Empresário Individual achando que "não vai acontecer nada".
Consequência real: Processo judicial milionário atinge seu apartamento, carro, investimentos, tudo que você construiu na vida. Mesmo que você não tenha culpa comprovada, o processo pode durar anos e bloquear seus bens.
Caso concreto: Médico cirurgião plástico, EI, teve complicação grave em procedimento. Paciente processou pedindo R$ 800 mil. Durante os 4 anos de processo, teve bens bloqueados judicialmente. Perdeu oportunidade de comprar consultório próprio (não conseguiu financiamento com bens bloqueados). Mesmo tendo sido absolvido ao final, o dano financeiro e emocional foi devastador.
Se fosse SLU? Processo seria contra a empresa. Bens pessoais intocáveis.
Como fazer certo
Especifique desde o início: Sociedade Limitada Unipessoal (ou Sociedade Limitada se tiver sócio).
Adicionalmente, contrate seguro de responsabilidade civil médica com cobertura adequada à sua especialidade. O seguro é a primeira camada de proteção; a estrutura jurídica é a segunda.
Etapa 3: Elabore o Contrato Social (com cláusulas obrigatórias do CRM)
Contrato Social é o documento que formaliza a criação da empresa. Define objeto social, capital social, responsabilidades dos sócios, entre outros.
Para médicos, não é só "copiar modelo da internet". Precisa ter cláusulas específicas exigidas pelo Conselho Regional de Medicina.
O que deve constar obrigatoriamente
Cláusula sobre exercício da medicina: "As atividades médicas serão exercidas exclusivamente por profissionais legalmente habilitados e regularmente inscritos no Conselho Regional de Medicina."
Designação de Responsável Técnico: Nome completo, CRM e especialidade do médico que será RT da empresa.
Objeto social detalhado: Não adianta colocar "serviços médicos" genérico. Precisa especificar: consultas, procedimentos, exames, área de atuação, etc.
Capital social: Valor investido na empresa. Pode ser simbólico (R$ 1.000) ou real (considerando equipamentos, reformas, etc).
Riscos de Contrato Social inadequado
Risco 1: Contrato sem cláusulas exigidas pelo CRM.
Consequência: Quando você for registrar a empresa no Conselho, o pedido é negado. Você precisa fazer alteração contratual (custo adicional de R$ 500 a R$ 1.500) e esperar novo registro na Junta Comercial (mais 15-30 dias de atraso).
Risco 2: Objeto social genérico ou inadequado.
Consequência: Dificuldade em credenciamentos, problemas em licitações, questionamentos sobre atividades exercidas vs registradas.
Risco 3: Não designar Responsável Técnico corretamente.
Consequência: Empresa não consegue registro no CRM. Todas as atividades ficam suspensas até regularização.
Como fazer certo
Trabalhe com contador que conheça exatamente o que o CRM exige. Ele elabora Contrato Social já contemplando todas as cláusulas obrigatórias, evitando retrabalho.
Revise o contrato antes de assinar. Confirme que seu nome está correto, CRM correto, objeto social corresponde ao que você vai fazer.
Etapa 4: Registre na Junta Comercial e obtenha o CNPJ
Com Contrato Social pronto, hora de oficializar.
O processo
Sociedade Limitada (empresária): Registro na Junta Comercial do estado (JUCESP em São Paulo).
Sociedade Simples: Registro em Cartório de Registro Civil de Pessoas Jurídicas.
Para médicos, geralmente é Sociedade Limitada (registro na Junta).
Documentos necessários:
Contrato Social (3 vias originais assinadas)
Cópias autenticadas de RG e CPF dos sócios
Comprovante de endereço da empresa
Pagamento de taxas (varia por estado, geralmente R$ 100-300)
Após aprovação na Junta (3 a 7 dias úteis), o CNPJ é gerado automaticamente pela Receita Federal através do sistema integrado (Redesim).
Você recebe:
NIRE (número de registro na Junta)
Cartão CNPJ
Certificado de MEI (se aplicável, mas médicos geralmente não são MEI)
Riscos nesta etapa
Risco 1: Documentação incompleta ou incorreta.
Consequência: Processo é rejeitado. Você perde taxas pagas, precisa corrigir e reprotocolar (mais prazo, mais custo).
Risco 2: Endereço inadequado.
Consequência: Alguns municípios têm restrições sobre funcionamento de consultórios em áreas residenciais. Se você colocar endereço residencial sem verificar, pode ter problemas depois para obter alvará e licenças.
Risco 3: Usar serviço de "abertura de empresa em 1 dia" sem assessoria adequada.
Consequência: CNPJ é aberto rápido, mas sem planejamento tributário, sem estrutura adequada, com escolhas erradas que você vai pagar caro depois.
Como fazer certo
Se estiver abrindo consultório físico, confirme que o endereço permite funcionamento de atividade médica (zoneamento, condomínio, etc).
Se for atender em casa inicialmente, verifique legislação municipal e regras do condomínio.
Deixe contador cuidar de toda burocracia documental — ele sabe exatamente o que cada órgão exige.
Etapa 5: Obtenha Inscrição Municipal e configure nota fiscal
Com CNPJ ativo, você precisa de inscrição na Prefeitura para emitir nota fiscal de serviços (NFS-e).
O processo municipal
Acesse portal da Prefeitura do seu município, faça cadastro da empresa, forneça dados e documentos.
Após aprovação (1 a 10 dias úteis dependendo da cidade), você recebe login para sistema de emissão de notas fiscais.
A configuração crítica: código de serviço e ISS
Aqui está um detalhe que pode economizar (ou desperdiçar) milhares de reais por ano.
Consultas médicas são isentas de ISS na maioria absoluta dos municípios brasileiros (Lei Complementar 116/2003).
Mas o sistema não sabe disso automaticamente. Se você configurar errado, vai pagar 2% a 5% de ISS sobre todas as notas — desnecessariamente.
Exemplo: Médico fatura R$ 40 mil/mês em consultas.
Com configuração errada (ISS 5%): paga R$ 2.000/mês de ISS = R$ 24.000/ano jogados fora.
Com configuração correta (isenção): paga R$ 0.
Riscos de configuração inadequada
Risco 1: Configurar código de serviço genérico que não aproveita isenção.
Consequência: Você paga ISS todo mês sem perceber. Só descobre meses ou anos depois. Valor pago indevidamente geralmente não é recuperável.
Risco 2: Usar código inadequado para sua atividade.
Consequência: Fiscalização municipal pode questionar, exigir retificação de notas, aplicar multas por uso de código incorreto.
Risco 3: Não saber diferenciar consultas (isentas) de procedimentos (podem ter ISS).
Consequência: Ou você deixa de aproveitar isenção onde poderia, ou tenta isentar algo que não é isento (problema com fisco).
Como fazer certo
Contador especializado configura sistema de nota fiscal com:
Código correto para consultas médicas (geralmente isento de ISS)
Códigos adequados para procedimentos (se você faz)
Descrições de serviço claras
Alíquotas corretas quando aplicáveis
Você só emite notas depois que tudo está configurado e testado.
Etapa 6: Registre a empresa no Conselho Regional de Medicina (OBRIGATÓRIO)
Este é o passo que mais médicos esquecem — e que gera as consequências mais graves.
Toda pessoa jurídica que presta serviços médicos é obrigada por lei a ter registro no CRM. Não é opcional.
Documentos geralmente exigidos
Contrato Social registrado
CNPJ ativo
Inscrição Municipal
Cópia do RG e CPF dos sócios
Comprovante de registro individual (CRM) de todos os médicos sócios
Comprovante de endereço da empresa
Designação formal do Responsável Técnico
Certidões negativas
Taxas específicas do CRM (variam por estado)
O processo
Protocola documentação no CRM do estado onde a empresa está registrada.
Análise demora geralmente 15 a 45 dias úteis.
Após aprovação, você recebe certificado de registro de pessoa jurídica e número de inscrição da empresa no CRM.
Precisa pagar anuidade específica para PJ (além da anuidade individual que você já paga).
Consequências devastadoras de não registrar
Consequência 1: Multas retroativas gigantescas
Valores variam por estado, mas podem facilmente ultrapassar R$ 50 mil dependendo do tempo de operação irregular.
Consequência 2: Processo ético contra os médicos responsáveis
Isso não é "multa administrativa simples". É processo ético que vai para seu histórico permanente no CRM.
Penalidades podem incluir:
Advertência confidencial
Censura confidencial
Censura pública
Suspensão do exercício profissional (30 dias a 6 meses)
Cassação do registro (em casos gravíssimos)
Consequência 3: Invalidação das notas fiscais emitidas
Todas as notas que você emitiu sem ter registro no CRM podem ser questionadas.
Convênios podem exigir reemissão ou até devolução de valores pagos.
Consequência 4: Impossibilidade de credenciamentos
Convênios, hospitais, clínicas, programas governamentais — todos verificam registro no CRM.
Sem registro, você não consegue credenciar em lugar nenhum.
Caso real: Médica dermatologista operou clínica por 2 anos e meio sem registro no CRM (contador genérico não orientou).
Quando fiscalizada:
Multa: R$ 78 mil
Processo ético: suspensão de 90 dias
Perda de credenciamento em 3 convênios (prejuízo estimado R$ 200 mil)
Estresse, vergonha profissional, problemas familiares: incalculável
Total: mais de R$ 280 mil de prejuízo por não fazer um registro obrigatório.
Como fazer certo
Assim que CNPJ estiver ativo, inicie imediatamente o processo de registro no CRM.
NÃO comece a atender pacientes antes de ter registro aprovado.
Contador especializado conhece toda documentação necessária e acompanha processo até conclusão.
Etapa 7: Obtenha licenças sanitárias (quando necessário)
Dependendo da sua especialidade e dos procedimentos que realiza, pode precisar de licenças da Vigilância Sanitária.
Quando é necessário
Geralmente dispensado:
Consultas médicas simples
Atendimentos ambulatoriais sem procedimentos invasivos
Geralmente exigido:
Procedimentos cirúrgicos (mesmo pequenos)
Exames invasivos (endoscopia, colonoscopia, biópsias)
Uso de equipamentos de imagem com contraste
Manipulação de medicamentos controlados
Internações (day clinic)
O processo
Varia muito por município e estado, mas geralmente envolve:
Projeto arquitetônico do espaço (planta baixa)
Memorial descritivo dos procedimentos realizados
Relação de equipamentos
Protocolos de biossegurança
RRT (Registro de Responsabilidade Técnica) de profissionais envolvidos
Vistoria in loco da Vigilância Sanitária
Prazo: 30 a 90 dias em média.
Riscos de operar sem licença quando é obrigatória
Risco não é multa administrativa simples. É criminal.
Lei 6.437/77 prevê multas de R$ 2 mil a R$ 1,5 milhão.
Além disso:
Interdição imediata do estabelecimento
Apreensão de equipamentos
Processo criminal (crime contra a saúde pública)
Cancelamento de licenças profissionais
Responsabilização solidária de todos os sócios
Caso real: Clínica de procedimentos estéticos operou 8 meses sem licença sanitária.
Fiscalização interditou, aplicou multa de R$ 85 mil, apreendeu equipamentos no valor de R$ 150 mil.
Médico responsável respondeu processo criminal (absolvido depois de 3 anos, mas com custo emocional e financeiro gigantesco).
Como fazer certo
Antes de abrir consultório, verifique com Vigilância Sanitária municipal se sua atividade exige licença.
Se exigir, inicie processo ANTES de começar a atender. Não vale a pena o risco.
Adeque o espaço físico conforme exigências (ventilação, iluminação, sanitários, etc).
Etapa 8: Planeje pró-labore e distribuição de lucros desde o início
Agora que estrutura está montada, você precisa definir como vai retirar dinheiro da empresa.
Muitos médicos simplesmente transferem valores aleatórios da conta PJ para pessoal conforme precisam. Erro caro.
As duas formas legais de retirada
Pró-labore: Sua remuneração mensal fixa como sócio-administrador.
Paga INSS (11% até teto de R$ 856/mês)
Sofre desconto de IR na fonte (tabela progressiva)
Garante direitos previdenciários
É obrigatório (não pode ser zero)
Distribuição de lucros: Participação nos resultados da empresa.
100% isenta de IR (quando feita corretamente)
Não paga INSS
Precisa ser contabilmente apurada
Exige documentação formal (ata de reunião de sócios)
A estratégia que economiza milhares
Defina pró-labore relativamente baixo (R$ 3 mil a R$ 8 mil) e distribua resto como lucros isentos.
Exemplo: Médico quer retirar R$ 25 mil/mês.
Opção ineficiente - Tudo como pró-labore:
Líquido mensal: aproximadamente R$ 18 mil
Perda anual em impostos: R$ 84 mil
Opção inteligente - Pró-labore R$ 7 mil + Lucros R$ 18 mil:
Líquido mensal: aproximadamente R$ 23.500
Impostos anuais: R$ 18 mil
Economia: R$ 66 mil por ano
Riscos de fazer errado
Risco 1: Não ter pró-labore nenhum.
Consequência: Empresa irregular, sem contribuição previdenciária, Receita pode questionar todas as retiradas.
Risco 2: Distribuir lucros sem apuração contábil adequada.
Consequência: Receita pode reclassificar como pró-labore (cobrança retroativa de INSS e IR com multa).
Risco 3: Misturar retiradas formais com saques aleatórios.
Consequência: Confusão contábil, impossibilidade de comprovar distribuição isenta, vulnerabilidade em fiscalização.
Como fazer certo
Desde o primeiro mês, estabeleça:
Valor fixo de pró-labore (transferência mensal formal)
Periodicidade de distribuição de lucros (mensal, trimestral ou semestral)
Documentação adequada (ata de reunião, lançamento contábil)
Contador faz apuração de lucro disponível e você transfere formalmente com registros corretos.
Depois de aberto: a rotina que mantém tudo funcionando
CNPJ aberto não é fim do processo. É começo da operação.
Obrigações mensais
Emitir nota fiscal para todos os atendimentos
Pagar impostos (DAS se Simples, ou guias separadas se Lucro Presumido)
Pagar pró-labore e registrar contabilmente
Enviar documentos para contador (extratos, notas, despesas)
Obrigações anuais
Declaração anual da empresa (DEFIS se Simples, ECF se Lucro Presumido)
Declaração de IR Pessoa Física (sua declaração pessoal)
Renovação de anuidade do CRM (individual + PJ)
Renovação de licenças (quando aplicável)
Revisões estratégicas
Todo outubro/novembro: revisar regime tributário para ano seguinte
Anualmente: avaliar necessidade de seguro, valores de cobertura
A cada 2-3 anos: avaliar estrutura geral (holding? Previdência? Sucessão?)
O risco de "abrir e esquecer"
Risco: Operar no piloto automático sem acompanhamento estratégico.
Consequência: Você fica anos no regime tributário errado, perde oportunidades de economia, acumula pequenos problemas que viram grandes.
O fator decisivo: com quem você faz tudo isso
Tecnicamente, você pode fazer cada etapa sozinho ou com contador genérico.
Mas perceba a quantidade de decisões técnicas, riscos ocultos e consequências caras de cada escolha errada.
Regime tributário errado: -R$ 20 mil a R$ 50 mil/ano Estrutura jurídica inadequada: patrimônio exposto a processos milionários Sem registro CRM: multas R$ 50 mil+ e processo ético Configuração de nota errada: -R$ 10 mil a R$ 30 mil/ano em ISS desnecessário Sem licença sanitária: interdição + multa R$ 85 mil+ e processo criminal Retiradas mal planejadas: -R$ 40 mil a R$ 80 mil/ano desperdiçados
Some tudo: facilmente R$ 200 mil a R$ 300 mil perdidos em 3-5 anos.
Especialização não é luxo. É proteção do seu patrimônio e maximização dos seus ganhos.
A diferença está nos detalhes. E detalhes, na medicina, você sabe que fazem toda diferença entre resultado excelente e catástrofe.




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